quarta-feira, 4 de abril de 2012

Da Série: Cada uma que me acontece...(5)

Essa aconteceu há uns seis meses. No início do horário de verão.
Estava voltando do trabalho. 18h, mais ou menos, mas ainda bastante claro.
Geralmente eu evito de sentar em bancos que impossibilitem uma fuga necessária, mas nesse dia eu dei mole e sentei atrás de um daqueles bancos altos, no lado da janela. Ou seja, escondida da sociedade e encurralada por possíveis maníacos sexuais.

Quando meu ônibus já estava na metade do caminho, entrou um rapaz magricela, largadão, com pinta de surfista maconheiro (cabelo loiro e cacheado, caindo nos olhos), que entrou com a mão direita dentro da mochila e veio sentar, advinhem onde? Sim, do meu lado. Quando percebi já era tarde.

Fiquei bolada com a postura do cara. Achei que ele tinha uma arma dentro da mochila, ou qualquer outra coisa que pudesse usar para me assaltar. Já estava me preparando para o pior, quando ele tirou a mão da mochila, que estava no colo dele, fechou o zíper e colocou as mãos embaixo dela. Aí deitou a cabeça no banco, fechou os olhos e ficou parado.

Dei um suspiro aliviada. Achei que tinha sido preconceito da minha parte e me recriminei. Quase pedi desculpas ao cara.

Aí resolvi abri um jornal que tinha ganhado na rua (Folha Universal, se não me engano). Estava eu lá lendo uma reportagem sobre aborto ou drogas, sei lá. Aí, no meio de um movimento de virada de jornal (quando a gente junta as duas partes e passa a página), eu vi algo esquisito. Meu olho foi atraído pra mochila do cara. Ele agora estava mexendo as pernas e a mão direita embaixo da mochila.

Fiquei nervosa. Não sabia se era um ataque epilético ou coisa pior. Virei a página mais uma vez e constatei que, de fato, era algo pior, quando visualizei a cabecinha do pênis (que menina culta!) do sujeito olhando pra mim.

Gelei. Tive que, disfarçadamente, olhar de novo. E a certeza de que o homi tava se masturbando do meu lado, no meio do ônibus, às 18:30, com o treco virado pra mim, ainda por cima, me deixou extremamente irritada e desesperada. Eu não sabia o que ele faria se ele tentasse gritar ou me levantar, por exemplo.

Me acalmei, dobrei o jornal, peguei a chave de casa e coloquei entre os dentes, fazendo meu soco inglês caseiro. Levantei, aumentei o tom de voz e pedi: "Dá licença?". E o cara se virou, permitindo minha passagem.

Com o coração na boca, atravessei o ônibus, pensando no que eu podia fazer. Achei que armar um escândalo não seria bom, já que ele veria o lugar onde eu ia descer. E já que ele num tinha tentado nada (tipo me forçar a fazer algo a respeito da situação, if you know what I mean!), resolvi deixar o punheteiro em paz e descer do ônibus.

Agora me diz...em que droga de mundo nós vivemos em que as pessoas saem por aí se coisando pelas ruas?
Como diria o Caco: Noé, me salva!!!

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